Michelin

A história dos pneus está intimamente ligada a um boneco ligeiramente redondo, simpático e com status de estrela no mundo do marketing. Ele é a personificação de segurança e tecnologia da francesa MICHELIN, responsável pela segurança de milhares de pessoas que utilizam, não importa qual, os mais variados meios de transportes. Quer seja de avião, metrô, automóvel, bicicleta ou moto, a MICHELIN está muito mais que presente nas vidas de todos nós.


A história

A ligação da marca MICHELIN com o pneu nasceu da necessidade de um ciclista, inconformado pelo tempo gasto no reparo e na secagem da cola usada para ligar os pneus aos aros da bicicleta. Foi então que os irmãos Édouard e André Michelin, donos de uma pequena fábrica, com 52 empregados que produzia pastilhas de freio feita de lona e borracha, na cidade de Clermont-Ferrand na França desde 1889, imaginaram a melhor forma de facilitar este trabalho, e em 1891, patentearam o primeiro pneu desmontável, reduzindo o tempo de conserto de três horas e uma noite para 15 minutos.



O célebre ciclista Charles Terront, correndo com pneus MICHELIN desmontáveis, venceu a corrida Paris-Brest-Paris oito horas à frente de seu adversário mais próximo, e 24 horas à frente do terceiro colocado. A invenção é logo patenteada e dá ao seu idealizador, Édouard, a certeza de que ali estaria um produto de futuro. Começava uma nova era para o transporte terrestre. Um ano depois, mais de 10 mil ciclistas rodavam com pneus MICHELIN. O próximo passo era fabricar pneus para outros meio de transportes. Em 1894 surgiu o primeiro pneu para carruagem, cujo conforto e silêncio os parisienses iriam adorar. No ano seguinte, em uma corrida entre Paris e Bordeaux, os irmãos inscreveram um carro, conhecido como “Éclair”, equipado com pneus. Apesar da vitória com certa folga, os constantes furos nos pneus ainda era um problema.



O início do século XX marca a primeira grande onda de expansão da empresa, instalando-se próxima aos grandes centros automobilísticos (Europa e América do Norte), e a atuação em campos tão variados como o transporte de carga, guias rodoviários e até aviões. Em 1903, diante do grande sucesso, eles foram negociar seu produto em uma pequena, mas promissora cidade americana chamada Detroit, onde acabava de ser montada uma grande fábrica de automóveis: a Ford. Foi nesse mesmo ano que surgiram os primeiros pneus para motocicletas. Em seguida, vieram pedidos de patentes de outros fabricantes: Pirelli, Firestone, Goodyear e muitas outras. Em 1906 foi construída a primeira fábrica fora da França, na cidade de Turim na Itália. No ano seguinte outra fábrica é construída nos Estados Unidos. A primeira preocupação da época foi aumentar a confiabilidade e a longevidade dos pneus. Naquele período, a duração de vida do pneu era bastante curta: entre 1.200 e 1.500 quilômetros. Duas grandes inovações trouxeram para o pneu a resistência ao desgaste: a introdução do Negro de Carbono (pó de Carbono) na fabricação dos pneus, responsável pela sua cor negra, que multiplicou por cinco a sua longevidade, utilizado desde 1917; e o aparecimento na carcaça do pneu, de lonas de fios têxteis paralelos uns aos outros. O primeiro grande resultado de todas essas idéias foi o lançamento, em 1923, do “Confort”, primeiro pneu de passeio de baixa pressão (35 libras). Sua longevidade era 10 vezes superior àquela dos primeiros pneus. Dois anos mais tarde, a integração de aros nos talões fixou o pneu à roda com mais confiabilidade que a técnica anterior.



Em 1929, Edouard Michelin pediu aos seus engenheiros um projeto de pneu para ferrovias. Ninguém jamais imaginaria, até aquele ano, criar um pneu que pudesse suportar cargas tão pesadas. A busca por pressões mais baixas reunidas com um desgaste lento continuou e deu seus frutos em 1932, quando a MICHELIN propôs aos motoristas um pneu com uma pressão muito baixa e duas vezes mais resistente que o “Confort”: o Superconfort. Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1946, a MICHELIN deu um novo salto em matéria de tecnologia para mobilidade, inventando e produzindo o primeiro Pneu Radial da história. Menor peso, menos aquecimento e menor consumo de combustível foram apenas algumas das vantagens desta nova tecnologia, que rapidamente tornou-se padrão no mundo inteiro. Esse pneu conquistaria progressivamente todos os tipos de veículos e mercados, garantindo à empresa vantagens comerciais e industriais decisivas sobre seus concorrentes, ao longo dos 30 anos seguintes. Nos anos 80, a MICHELIN engaja-se na direção de novos pólos de atividades econômicas na América do Sul, América do Norte, Ásia e Europa. A inovação se acelera em todas as categorias de pneus, com destaque para o “Sistema PAX” e os pneus para engenharia civil e para exploração de minas. Nesta época a MICHELIN já era uma gigante e foi as compras adquirindo, em 1989, a americana B.F. Goodrich, empresa fundada em 1870. Até maio de 2006 era dirigida por um herdeiro da família, Édouard Michelin, que morreu afogado em um naufrágio durante uma pescaria nas proximidades da ilha de Sein, em águas da Bretanha, no noroeste da França.



A linha do tempo

1910

Primeiro mapa rodoviário MICHELIN em escala 1/200.00 é introduzido em Clermont-Ferrand. A ele seguem-se os mapas da Costa Mediterrânea, de Marselha a Nice e da região parisiense. Em 1913, o mapa da França, incluindo 47 páginas, é inteiramente concluído. Trata-se da primeira cobertura cartográfica detalhada do país, especialmente desenvolvida para o motorista.

1929

Desenvolvimento do primeiro pneu para ferrovias proporcionando conforto, silêncio, aceleração e freios muito rápidos.

1930

Conseguida a patente do pneu com câmara de ar embutida, o percussor do pneu sem câmara.

1934

Introdução do pneu Confort Stop, com ranhuras de aderência que diminuíam os riscos de derrapagens em pistas molhadas.

1937

Criação do pneu para veículo de passeio chamado Piloto, com perfil mais alto melhorando sensivelmente a aderência na pista, mesmo em lata velocidade.

1938

Lançamento do Metalic, primeiro pneu destinado a veículos pesados a unir a borracha ao fio de aço, resistindo muito melhor ao aquecimento e a cargas pesadas.

1965

Fabricação do primeiro pneu assimétrico (conhecido como XAS), destinado aos automóveis superesportivos da época.

1982

Lançamento do XM+S 100, um pneu desenvolvido especialmente para o período de inverno.

1994

Atenção e respeito ao meio ambiente foram o ponto de partida para mais uma inovação da empresa, os Pneus Energy, que mantinham todas as qualidades de aderência e durabilidade dos pneus normais, mas com baixa resistência à rodagem, reduzindo muito o consumo de combustível.

1996

Instalação de máquinas, na sede em Clermont-Ferrand, com sistema C3M que oferece maior reatividade e flexibilidade nos processos industriais, permitindo a fabricação de pneus em grandes séries ou em séries reduzidas, quase “sob medida”, respondendo assim a uma evolução da demanda do mercado.

1997

Surgia uma grande revolução: o Sistema PAX, conjunto pneu/roda, que permitia a mobilidade contínua; mesmo com o pneu vazio, podendo percorrer até 200 km a uma velocidade de 80 km/h.
Comercialização do Coraldo, primeiro pneu colorido para veículos de passeio.

2007

O Airbus A380, maior avião do mundo, faz seu primeiro vôo comercial equipado com pneus MICHELIN AIR X.
Lançamento da nova tecnologia ENERGY SAVER que permitia economia de quase 0.2 litros de combustível a cada 100km e emissões de CO2 em 4 gramas por quilômetro.



Os centros de testes

Os Centros de Tecnologia, divididos na América do Norte, Europa e Ásia, realizam pesquisas científicas para o desenvolvimento e a introdução de inovações tecnológicas tanto para produtos como para processos. Atualmente, a MICHELIN dispõe de quatro Centros de Testes localizados em:

Ladoux

Localizado na França, próximo à sede mundial da empresa em Clermont-Ferrand. São 500 hectares e 35km de circuitos capazes de reproduzir os principais tipos de revestimentos, solos e configurações normalmente encontrados. Mais de 2.300 pesquisadores investigam e desenvolvem em suas instalações a tecnologia necessária para o aperfeiçoamento dos pneus MICHELIN.

Almería

Localizado no sul da Espanha, estende-se por mais de 5.000 hectares de terreno. O espaço disponível e as condições climáticas excepcionais para a Europa permitem testar em condições extremas os pneus de engenharia civil, equipamentos agrícolas e veículos de carga.

Laurens

Localizado nos Estados Unidos, é dedicado ao estudo de produtos idealizados especialmente para o mercado norte-americano. É instalado em uma área de 700 hectares.

Jari

O Centro de Testes de Jari (Japan Automobile Research Institute), no Japão, ocupa uma extensão de 250 hectares. É utilizado por todos os fabricantes de automóveis e alguns fabricantes de pneus. A MICHELIN testa ali, em pistas construídas sob medida, seus pneus destinados ao mercado asiático e mais especificamente, ao mercado japonês.


O guia vermelho

A história do famoso Guia MICHELIN começou em 1900, na Exposição de Paris, quando os visitantes recebiam gratuitamente um livrinho vermelho, com tiragem de 35 mil exemplares, distribuído pela MICHELIN. Na primeira página, uma pequena explicação de seu conteúdo: “Esse livro tenta fornecer aos automobilistas, que viajam pela França, informações úteis sobre serviços de assistência e reparação para o seu automóvel, indicações de postos de gasolina, bem com sobre onde encontrar alojamento (hotel), mapas, restaurantes e serviços de correio, telégrafo ou telefone”. Na época, a empresa queria indicar aos pioneiros automobilistas onde encontrar oficinas e pousadas nas então perigosas e incertas viagens de carro. Era uma forma de estimular os motoristas a gastar pneus. Começou sendo distribuído gratuitamente aos motoristas. Isso até o dia em que um dos irmãos Michelin se deparou com uma pilha de guias no chão de uma oficina escorando uma mesa. Ficou uma fera e falou: “O ser humano só dá valor àquilo que paga”. Passou a ser cobrado. De 1904 a 1914, são criados, a partir do modelo Guia Michelin França, os guias estrangeiros para Europa, África e América.


Em 1926 surge o primeiro guia turístico (da região da Bretanha) e o guia da condecoração estrela da boa mesa, surgindo assim o famoso sistema de estrelas para classificar os restaurantes. Este novo guia passa a ser impresso com sua tradicional capa verde em 1936. Com o tempo, outros países ganharam também edições próprias. Passava a ser publicado todos os anos, no mesmo dia, em todos os cantos do mundo, com tiragem de um milhão de exemplares. De tão corretas que eram as informações publicadas no guia, os Aliados, antes da invasão da Normandia (em 1944), forneceram aos seus oficiais uma de suas edições, para facilitar a orientação, durante a libertação das cidades francesas ocupadas. Foram necessários 105 anos para que a MICHELIN publicasse seu primeiro Guia nos Estados Unidos, com o lançamento do Michelin Nova York em 2005. Hoje, já existe também o Michelin São Francisco, publicado em 2006, e outros dois novos, o Los Angeles e o Las Vegas. Em novembro 2007, foi a vez da publicaçãodo primeiro Guia na Ásia, em Tóquio. Ao mesmo tempo, a MICHELIN se desenvolvendo na Europa. Em março de 2009, foi lançada a centésima edição do Guia Michelin França. Sessenta endereços ganharam sua primeira estrela e foram incluídos 86 novos Bib Gourmands, restaurantes que oferecem um bom custo-benefício (menus por até 29 euros nas cidades do interior e 35 euros em Paris). O guia, com tiragem anual superior a 10 milhões de unidades comercializadas em 100 países, se transformou em uma das mais bem sucedidas estratégias de marketing da história.



A cada ano, um inspetor do Guia Michelin faz cerca de 250 refeições anônimas e passa 150 noites em hotéis. São mais de 800 visitas e 1.100 relatórios redigidos. Esses são alguns dos números de um inspetor. Hoje 86 homens e mulheres fazem esse trabalho: 70 na Europa, 10 nos Estados Unidos e 6 na Ásia. Eles passam a vida na estrada, nos restaurantes e hotéis para encontrar os melhores endereços. A maioria é formada em hotelaria. Quando contratados, passam por uma formação de 6 meses no qual será formado no critério de atribuição de estrelas, categorias de conforto, etc. Por mais 6 meses, ele participará, em companhia de um inspetor, das visitas a hotéis e restaurantes.



Os slogans

Michelin. A better way forward.
High performance, time and again…
The more we progress, the better you advance.
Because so much is riding on your tires.



O famoso Bibendum

A idéia do boneco Bibendum (conhecido carinhosamente como BIB) teve início em fevereiro de 1893, na Conferência da Sociedade dos Engenheiros Civis, em Paris, em que ao defender as vantagens do pneu, André Michelin pronuncia uma frase que se tornará o lema da MICHELIN: “O pneu bebe o obstáculo”. Esta frase histórica seria bem aproveitada. No ano seguinte, durante a Exposição Universal e Colonial de Lyon, os dois irmãos notam, em seu estande, uma pilha de pneus de diversas dimensões, com um formato sugestivo. Edouard teria, então, dito a André: “Se tivesse braços, pareceria um homem”. Em breve, André se lembraria dessa frase.



Em 1897, o desenhista Marius Rossillon apresenta aos irmãos diversos projetos publicitários. Entre eles, um esboço destinado a um bar-restaurante mostra um homem gordo levantando sua caneca de cerveja, sob a frase latina “Nunc est bibendum” (Está na hora de beber). Para a fértil imaginação de André Michelin, a frase evoca imediatamente sua fórmula “o pneu bebe o obstáculo”. Associando o gordo bebedor à imagem sugerida pela pilha de pneus em Lyon, ele encomenda um cartaz. Em 1898, segundo a idéia de André, foi criado um cartaz onde se via um imponente personagem formado de pneus, atrás de uma mesa, levantando uma taça cheia de cacos de vidro e pregos, dizendo, no momento de um brinde: “Nunc est bibendum”. Lembrando os raros donos de automóveis da época, o então chamado “boneco Michelin” ostenta, orgulhosamente, sinais de uma certa prosperidade econômica, tais como anel de brasão, charuto e uma inegável corpulência. Os óculos antigos foram inspirados em André Michelin. O verdadeiro batismo de Bibendum ocorre alguns meses mais tarde, durante a corrida Paris - Amsterdã - Paris. Ao ver passar André Michelin, o piloto Théry exclama: “Olha lá o Bibendum!”. O nome fica conhecido e, em pouco tempo, passa a denominar diretamente o boneco MICHELIN. Um dos personagens publicitários mais famosos do mundo está presente em campanhas publicitárias, adesivos e até mesmo nos próprios pneus que a MICHELIN produz. Seu bom humor, a forma inusitada e a origem despertam tanta curiosidade que motivam artistas, jornalistas e até colecionadores no mundo inteiro. No ano 2000, ele foi eleito pelo jornal Financial Times e pela revista Report On Business, o melhor logotipo do mundo.


Dados corporativos

Origem: França
Fundação: 1889
Fundador: Édouard e André Michelin
Sede mundial: Clermont-Ferrand
Proprietário da marca: Compagnie Generale DES Etablissements Michelin SCA
Capital aberto: Sim
CEO: Michel Rollier, Didier Miraton e Jean-Dominique Senard
Faturamento: €14.9 bilhões (2009)
Lucro: €106 milhões (2009)
Valor de mercado: €8.1 bilhões (junho/2010)
Fábricas: 72
Produção: 150milhões pneus (2009)
Presença global: 170 países
Presença no Brasil: Sim
Funcionários: 109.100
Segmento: Pneumático
Principais produtos: Pneus para todos os tipos de transporte
Ícones: A mascote Bibendum
Slogan: A better way forward. (A melhor maneira de ir mais longe)
Website: www.michelin.com

A marca no Brasil

No Brasil, a MICHELIN está presente comercialmente desde 1927 e a instalação da primeira fábrica da empresa em território nacional aconteceu em 1980, no Rio de Janeiro, para a produção de pneus para caminhões e ônibus. Hoje, conta com cerca de 5 mil funcionários, distribuídos em três unidades industriais, duas unidades agro-industriais, escritórios regionais por todo o país e uma rede de revendedores. Para a MICHELIN, o Brasil é um mercado estratégico para seus investimentos. Da extração do látex à produção final do pneu, a empresa mantém no país toda a cadeia produtiva na fabricação de pneus.


A marca no mundo

A marca está presente em mais de 170 países ao redor do mundo, empregando cerca de 113 mil pessoas. Possuí ainda mais de 72 unidades fabris, localizadas em 19 países dos cinco continentes, seis plantações de seringueiras localizadas no Brasil (2) e Nigéria (4), e um Centro de Tecnologia, onde trabalham 4 mil pesquisadores, com pólos na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, produzindo mais de 150 milhões de pneus anualmente, numa vasta gama de produtos: do menor pneu de menos de 200 gramas até o maior com mais de cinco toneladas. As empresas do Grupo MICHELIN produzem também diariamente mais de 61.000 câmaras de ar, mais de 4 milhões de quilômetros de cabos, 96.000 rodas e 70.000 mapas e guias turísticos. Com participação de 16.3% no mercado global (segunda maior produtora de pneus do mundo), aproximadamente 33% de seu faturamento provém dos Estados Unidos e outros 49% do continente europeu.


Você sabia?

A MICHELIN, cujo nome completo é Manufacture Française des Pneumatiques Michelin, equipa todos os tipos de veículos: da bicicleta ao ônibus espacial, passando pelo automóvel, caminhões, motocicletas, veículos de terraplenagem, metrô e aviões.


As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

 
Design by Free Wordpress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Templates